segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Impertinência Social (texto publicado no jornal comuntário Radical News)

É interessante como algumas moléstias participam da denominada seleção natural, e como “de tabela”, alguns grupos minoritário (em expressão) são revestidos de certo privilégio ao se evadirem dos efeitos que decorrem dessa escolha sofismal. As ciências naturais certamente se insurgiriam contra o nosso tratado, por ora tão empiricamente demonstrado, mas e daí?! Se eles não aceitam que a nossa rasa estatura científica, a experiência dos anos inertes da nossa vida, conjugados a vã filosofia que nasce no buteco do seu Florindo, sejam o bastante para desarticular todo o sistema medicinal, assim como as teses Freudianas, e nem mesmo Jung em toda a eloqüência dos complexos e arquétipos, seriam capazes de se opor ao que chamamos SDPR – Sintomática Doença Privativa de Ricos. Essa sim, mora no inconsciente coletivo de todos aqueles que ganham em média 120 mil reais por ano. “Que bom” Você alivia, “Esse não é o meu caso” (...).

Ora meu nobre amigo, se não é a depressão. Está comprovado, e nisso nós ativistas também concordamos, que os países com maior índice de depressão são os nórdicos europeus; interessante é que não sei se existiria aqui o mesmo efeito, se tivéssemos tantas louras impávidas com existem lá, mas em fim, a questão sexual introvertida dos europeus é tema para outro diálogo.

Há quem diga que o Japão é uma grande potência e tem se afirmado diante da comunidade internacional, mas como toda boa antítese, há também uma corrente de informações não oficiais, que atribui seu crescimento imperialista ao eficiente mercado de exportações de produtos próprios, o suicídio. É verdade, eu quase fui tragado pela eficiência de seus produtos, quando minha mãe desordenada e totalmente tomada pela ira resolveu oprimir-me da maneira mais cruel; em passos largos ela avançou contra meu álbum de figurinhas do pokemon, e o despedaçou com furor e calculismo dignos de um veterano de guerra, eu quis me matar! Eram os 151 pokemons com o Mew! Um álbum com os exemplares mais desejados de toda nação pokemaníaca, qualquer um em meu lugar sentiria o mesmo desejo, culpa do japoneses.

A verdade sobre tudo isso é que pobre não tem depressão, isso é coisa de quem é rico e tem a posse dos meios de produção. Não fazem nada a não ser emitir comandos ineptos aos subalternos, e a ociosidade corrói suas entranhas até a morte. O pobre não tem tempo para sentir isso, o pobre trabalha e seu tempo se exaure pela árdua labuta e o pagamento dos aluguéis; e se por um momento de inconsciência esquizofrênica, o pobre desenvolve uma dupla personalidade, não tem essa, ele arruam dois empregos.

O rico sofre por não saber a que horas o seu vôo para o Caribe vai sair, ele se oprime quando seu ipod desaparece, ele chora quando a foto dos fogos da Barra sai tremida, ai! O rico chora quando perde o inicio da orquestras, pulo do Barishnikov, a tampa da caneta Mont Blanc. Eis a amostragem inconjecturável do porque foram eles eleitos titulares da depressão. É como diz o poeta, “a depressão não é um estado de espírito, é um luxo!”.

BrunoMaximos

Um comentário:

Anônimo disse...

a inexpressividade atroz do sentimento de sentir-se parte de uma idéia que hora pensamos estar apenas no imaginario, hora se confunde, se mistura e conflui, causando espanto e alegria...

Quando leio esse texto vejo que nao errei ao escolher-te com epíteto dos deuses terrenos!

S.Madrigal

"Se escrevo o que sinto é porque escrever me faz diminuir a febre de sentir"

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