quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Amada



Ela me fez bem desde a primeira vez que a vi; tentava abrir aquela garrafa pet de refrigerante barato e não se importava com a incapacidade de suas forças, mas ria-se do desconcerto do refrí que parecia inacessível. Era mais uma típica situação em que a simplicidade da moça se estampava, e comumente era reconhecida pela nobreza e pureza de seu coração. Tentei me aproximar naquela primeira oportunidade, fiquei hipnotizado, meus olhos fitaram-na e a luz simples e intensa que dela emanou clareou todos os meus pensamentos, foi como um grande astro, causou-me ofuscamento inverso à penumbra que viví até o momento que a vi.

Minha tentativa se frustrou quando um oportunista com ar de arrogância descabia, tomou sem nem mesmo pedir, abrindo a garrafa que se punha à moça; ela educada, tenra, acautelou - muito obrigada. Era o mesmo homem que sentava todos os dias ao lado dela, talvez com a ambição inócua de uma oportunidade ter com os beijos e reconhecimento da donzela, mas podia-se ver a despercepção dele. Nem sequer era notado.

Desde então procurei uma chance que me colocasse novamente ao perímetro de alcance a menina que contagiava meus sonhos e já roubava meus pensamentos. Parecia uma enfermidade repentina, eu não a conhecia a pouco e desde então senti como se ela fosse parte da minha história muito antes dos meus pensamentos se equalizarem com os sonhos nela.

Eu não cria ver beleza impar que permeava o clarão dos seus traços, moça robusta de contornos marcantes e olhos claros, curvas sinuosas, deixavam atordoadas a todos da turma, cabelos claros cacheados, como aqueles de comerciais que prescindem de qualquer chapa ou tratamento especifico, boca fina, delicada e pincelada, lábios rosados, umedecidos, sorriso carismático, era uma mulher de presença e deixava quaisquer ambientes atentos aos seus movimentos, roubando a cena em todas suas manifestações. Então entendi porque me detive com tanto zelo, era ela que eu sempre esperei conhecer...

Mas dias brotavam, nasceram felizes, algum tempo já se passava, e aos pouco fui me aproximando e ganhando o prestígio que necessitava para dar um passo a mais. Não podia incorrer no embaraço da ambição imediata, não podia arriscar perder tudo pela minha ansiedade de tê-la ao lado, não cabia correr e como desastrado esbarrar nos meus deslizes. Cauteloso, natural, sensível, verdadeiro, desprendido, sincero, deixei que eu fosse visto e valorado em minhas qualidades, permiti mostrar quem era e o que queria. No ar pairou a verdade inescusável, pois não havia admissões dos meus sentimentos por ela, mas já estava sedimentado que os meus desejos suplantavam o simples querer ser "amigo".

Não tive dúvida quando se apresentou claro o consentimento com minha paixão tácita, ela também gostava de mim. Uma sensação boa que incendiava meu coração dominou-me, estávamos a sós e tudo se ajustou; percebi que não pensava só quando pensava nela, a felicidade era correspondida pela união intocável de nossos desígnios; arriscaria tudo para ganhar aquela sensação outra vez. Não cabia protelar mais o que estava patente entre nós ,enamorados, que até então satisfazíamos nossos sonhos secretos no mundo das idéias, pois nada de concreto tínhamos vivido.

Com um movimento rápido e irresistível segurei-a levemente pelo pescoço, trazendo com delicadeza seus lábios ao encontro dos meus, beijei-a, "bis in idem", o mundo e tudo parecia parar contemplando o ato mais belo que nasce quando pessoas assim se autocompletam com a união dos lábios calados que são capazes de dizer coisas que o verbo não traduz. Não é importante o futuro, como para cada dia basta seu mau, quero parar nesse quando a beijei, pois nada foi capaz de roubar minhas atenções desde então, senão o gosto da boca suave que parece não ter fim e ecoar até agora, buscando reencontrar o brilho que nascerá novamente com o toque dos lábios que se buscam e querem estar juntos. Sem reservas, se viver é ser feliz, isso é o que me fez ter vida...

By BrunoMaximos

domingo, 23 de novembro de 2008

Esquecido no descaso e conforto.


Você partiu, nem disse adeus, e eu me sentí só.
Porque as pessoas crescem, mudam, outras
regridem, ou simplesmente nos deixam? Mas cada
uma tem seu jeito de se despedir sem nenhuma
palavra. As coisas parecem sofrer uma abrupta
transformação, e em um momento tudo que parecia
perfeito e sob controle, simplesmente se desfaz;
o vento sopra e faz barulho, mas ele não é
forte, é somente a contemplação que estás
sozinho e até mesmo o que parecia imperceptível
ocupa um espaço, no que agora é um enorme vazio.

As pessoas simplemente escolhem mudar, muitas
vezes nem pensam que estão fazendo assim, mas
involuntariamente escolhem. Depois tudo é
diferente, já não há a mesma cumplicidade e
interação, não se cabem mais os abraços
apertados e duradouros, já não se fala com
elogios e olhos no olhar, é perdida a
intimidade.

Sempre tem uma hora que a distanciação gera uma
reflexão, a minha é agora, mas normalmente
olha-se ao lado e vê quem antes andava tão junto
de você, separado não só pelas cadeiras da sala,
bancos da igreja ou saídas incomuns, mas o que
gera essa jornada que agora os separa não
resume-se nos aspectos físicos dos domicílios em
cidades apartadas, mas o descaso do coração que
não é voluntário, pois não se pensa em "vou
esquecer ele", mas o que apaga as lembranças é o
pensamento onde "ele já não é importante para
mim".

Hoje me sinto esquecido, esse esquecimento não
possui destinatário de número determinado,
talvez não haja "um alguém" definido, mas sinto
como se já não fosse tão importante para várias
pessoas, e com isso aprendo que não devo me
queixar de tal circunstância, pois eu mesmo
posso ter cooperado para não ser lembrado, mas
preciso observar que há pessoas importantes que
merecem cuidado, e quero estar atento para que
eles não esperimentem o martírio acautelado do
meu desprendido esquecimento.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Dúvida inquisitória



Alta é a pena que sente a minha alma por este estatus quo, que não indígno, mas inquietador, pois não vejo satisfação possível em um caminho que não me trás segurança e realização.

Perco tempo; cri ser esta a saída da carência e necessidade, mas me sentí desolado pela realidade que se mostrou dura e voraz, dissipando os sonhos da fartura e suprimento imediato.

As escolhas nos dizem quem somos, e se mostram como responsáveis por tudo que vivemos e seremos; se há orgulho ou vexame, não importa, a escolha é fria e indiferente, só te dá a certeza que foi ela quem determinou quem és, e continuará dizendo.

Não há efeito retroativo, nem se pode alterar o que foi dito ou feito; se faço ou deixo de fazer, arrependido estarei, ou uma enorme covardia me invadirá pelo que deixei de fazer por medo de arriscar.

Mas tenho a responsabilidade para determinar se conviverei com o sentimento de dúvida, que as vezes sinto por desistir sem saber o que será, ou optar pelo imprevisto, correndo a chance ver as conseqüências das minhas obras, que talvez marquem minha vida para sempre.

BrunoMaximos

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A certeza absoluta.




A certeza absoluta.

“Homem não chora nem por dor, nem por amor”. As terminologias do poeta me fazem perceber as vulnerabilidades irrenunciáveis de um coração que se rende aos encantos de um amor qualquer. Você pode querer ignorá-lo, buscar defeitos no modo dele ser e agir com a esperança vã de que isso te traga conforto, mostrando o erro da escolha que seu coração fez, sem sequer perguntar se teus freios e contrapesos estavam de acordo. Ultrajando, quase que religiosamente, qualquer chance de reflexão ou análise mais objetiva, o coração não faz inferências, não conhece a lógica, não ver o aparente; ele é contra o óbvio e escolhe os caminhos mais impensáveis, pra fazer sofrer é você.

Finalmente, como grana na mão do pródigo, tudo é quase nada, quando feito para suplantar sentimentos que são evidentes como o mito do homem na lua; são os tons hipnóticos dos olhos, vibrações da voz doce, perfume que se grava na mente, a boca pequena e rosada, os grandes cílios penteados, e os mais leves imperceptíveis traços, todas essas coisas se tornam vitais e comuns no estado letárgico da paixão. É chegado o fim de toda sua autonomia, um grande laço lhe rouba as escolhas, só se tem a vontade de viver dentro do outro, já não há o vácuo ilimitado da mente para pensar em sí mesmo.

Não adianta negar, quiséramos ter a capacidade de admoestar os sentimentos, de modo a subjugá-los aos nossos próprios objetivos, mas a realidade é que sentimentos pertencem a uma classe de manifestações concretas e perfeitamente admitidas, que fogem totalmente à pequena parcela de domínios dos seres humanos. Homem vem crescendo e ampliando a sua esfera de controle, o espaço bidimensional, tridimensionalizou-se com a exploração dos corpos celestes e o profundo dos mares, mas até hoje nem sequer um passo deu-se na direção do coração.

Tudo parece ser contrário ao que está a sentir, a família, as preferências, as afinidades, sonhos, intelectos, gestos, idade, capacidade, credos, hábitos, ambições, comidas, músicas e temperamento, mas em detrimento de todos esses sinais objetivos, que pareciam ser o bastante para odiar aquela pessoa e fazer correr qualquer hum, você simplesmente se apaixona e não consegue compreender como aquela pessoa que aparentemente é tudo o que sempre evitou, hoje tornou-se quem faz delirar o teu corpo aquecendo-o como um tocha, e põe em cárcere todas suas vontades e desejos, pois o que te move desde a percepção dessa emoção, é a vontade estar ao lado e nos braços daquele que seu coração escolheu para ser seu, mas nem sempre este te escolheu também, e assim arrisca-se muito, gosta de quem não gosta da gente, e um alto preço é pago por essa insistente tolice.

Há porém, evento arrasador, que aborrece a alma do sonhador, e trás à análise esse aspecto devastador que o título torna irrefutável; é vilão ordinário e marginal, contudo, presente e incurável, eu mesmo e até você já deve ter provado de seus cálices ferventes. Todas as reações e implicações amorosas são belas e vivificantes para o ser, até o momento em que a impossibilidade da efetivação cruza o caminho do apaixonado. Uns conhecem como 'fora', outros líricos chamam de 'toco', há quem diga 'tirada', os gramáticos 'incorrenspondência', e cada pessoa tem uma definição pessoal da desilusão, e prefiro chamar de 'palhaçada Adilson'!

Adilson é a representação mitológica do absurdo, o impensável, o socialmente incorreto, o biologicamente morto, o fim que não se conhece de perto, o erro que ninguém admite, é o fato impróprio no lugar errado, a piada sem graça, não entendida, contada novamente...

É flexa aguda, queimante, que aprofunda no peito; a perdição é a conseqüência do foco único, onde todos os caminhos só levavam à obstinada paixão. Uma última lembrança revolve as ilusões que vão ficando para trás, e toda maciez das pétalas que antes massageavam os pensamentos de bons momentos, se convertem numa árdua caminhada vaga, fria e solitária; das pétalas juntadas, a melhor percepção só mostrou os espinhos escolhidos.

Queria ter o remédio que colocasse fim ao começo de toda essa dor. Muitos viveriam sem várias marcas, talvez até caminhassem mais rápido em busca de uma nova paixão, e quem sabe de numa nova desilusão; não sei se traria bons resultados, ou se contribuiria para um presságio cada vez pior; mas até mesmo os médicos morrem por falta de prevenção. Talvez eu tenha razão. Sei que ainda que todas a tendências resultassem na grande prova da ineficácia do 'anti-dor-de-corno', ele seria muito famoso e recorrido, ainda que desse remota chance de eficácia, mas as células-tronco embrionárias nada fizeram até hoje para provar validade de seu alvoroço; assim o remédio contra desilusão seria moda, e talvez última tentativa de distrair quem só pensa naquele, que o coração não quer despedir.

domingo, 12 de outubro de 2008

Sentença de Um Juiz Marginal

Segue a sentença de um juiz que escolheu ser maginal, quando por uma decisão resolveu não aquiescer ao curso comum das ideologias jurídicas, quando muitas vezes esse curso não manifesta a melhor razão para ser e, prover o devido objetivo que deve ser pautado toda construção jurídica; não pode a manisfestação do Direito ficar distante da intelecção humanística e moral. Deve todo arcabouço jurídico orientar-se pelo zelo e proteção aos direitos humanos, melhor e pragmatizado no conceito de dignidade humana, princípio demazido exaltado na CF/88, mas essa instrução diretiva, as vezes é recharçada diante da insensatez de muitos que se propõem à construção do 'Justo', sem contudo observarem as virtudes que são atinentes à essa conquista . leia-se o Artigo, que trás parte de uma sentença que põe materialidade na manifestação tão nobre que se denomina "justiça":

"Edna, uma pobre mulher, estava presa há 8 meses, prestes a dar à luz, porque fora apanhada portanto alguns gramas de maconha. Dei um despacho fulminante, carregado de emoção e da ira santa que a injustiça provoca. Talvez a transcrição ajude a responder as indagações que colocamos no início deste artigo.
Eis, pois, o despacho:
“A acusada é multiplicadamente marginalizada: por ser mulher, numa sociedade machista; por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos imortais do poeta; por ser prostituta, desconsiderada pelos homens mas amada por um Nazareno que certa vez passou por este mundo; por não ter saúde; por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si, mulher diante da qual este Juiz deveria se ajoelhar, numa homenagem à maternidade, porém que, na nossa estrutura social, em vez de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia.
É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho: liberdade para Edna e liberdade para o filho de Edna que, se do ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana, sinta o calor e o amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este mundo tão injusto com forças para lutar, sofrer e sobreviver.
Quando tanta gente foge da maternidade; quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento, são esterilizadas; quando se deve afirmar ao Mundo que os seres têm direito à vida, que é preciso distribuir melhor os bens da Terra e não reduzir os comensais; quando, por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis, mulheres se privam de gerar, Edna engrandece hoje este Fórum, com o feto que traz dentro de si.
Este Juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua Mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão.
Saia livre, saia abençoada por Deus, saia com seu filho, traga seu filho à luz, que cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um mundo novo, mais fraterno, mais puro, algum dia cristão.
Expeça-se incontinenti o alvará de soltura”.
Edna encontrou um companheiro e com ele constituiu família. Mudou inteiramente o rumo de sua vida. A criança, se fosse homem, teria o nome do juiz, conforme declarou na audiência. Mas nasceu-lhe uma menina que se chamou Elke, em homenagem a Elke Maravilha.
Onde estará Edna com sua filha?
Distante que esteja, eu a homenageio. Pela tarde em que a libertei, por essa simples tarde, valeu a pena ter sido juiz.



Leia "Escritos de um jurista Marginal" de João B. Herkenhoff

domingo, 31 de agosto de 2008

Até mesmo o guerreiro tem o momento de falar do seu amor

O triste samurai, honra-se pela vitória na guerra, e logo se esquece da glória, pois no amor ele não é o mesmo vencedor, e poucas palavras são capazes de sublinhar a sua dor:

"A tarde não me seria tão vazia;

Se nela se teus olhos de cristal, me acompanhassem pelo menos por um dia.
Mas esqueço-me que não tenho-te desprendia das cadeias que te me roubaram de mim;
E continuo revolvendo o amargor, te vendo distante, de tão perto, quando ao meu lado poderias estar perpétua até o fim."

domingo, 24 de agosto de 2008

O CÉU LONGE DE NÓS

O filósofo estóico, Sêneca, escreveu as palavras abaixo, quando estava preso e exilado...


"(...) Devemos refletir que esses bens terrenos
são obstáculos aos verdadeiros bens:
quanto mais cumpridos pórticos se constroem,
quanto mais altas torres se levantam,
quanto mais amplos caminhos se abrem,
quanto mais monumentais se erguem os tetos das salas de jantar,
tanto mais todas essas coisas nos esconderão o céu."

contribuição honrosamente enviada a mim por Fernades Jr.

Meditações do Náufrago para a vida.

Hoje assisti novamente um filme muito virtuoso e denso em conjecturassões do sentido e valor da vida, refiro-me ao Náufrago, filme que é estrelato por Tom Hanks (2000) onde obteve a quinta indicação ao Oscar, retratando a istória de um homem que fica perdido em uma ilha após um acidente aéreo, e depois de muito tempo retorna a civilização quando é resgatado por um navio cargueiro. O leitor deve estar se perguntando – “Não é um pouco tarde para o apreço de um filme ora tão batido e revolvido?”, sim meu caro, não ousaria dizer o contrário, mas apesar de ser um filme que estreou no século passado, ele ainda tem grandes repercussões filosóficas e morais que merecem um breve esquadrinho, e sem a pretensão de esgotar as implicações axiológicas e semânticas que esse filme tem para nos presentear, é por suas entrelinhas que passo agora a meditar.

Náufrago faz-me olhar para o ‘eu’ que existe em mim, essa segunda pessoa que não nos deixa em momentos em que a reflexão vem à tona, aquele que indagamos quando ninguém mais poderia trazer-nos uma resposta satisfatória e convincente, ou quem nunca se pegou falando consigo em nome de dúvidas intermináveis sobre a posição a ser tomada diante de uma escolha intricada e decisiva para aquele momento de vida? Esse é um ato que a filosofia ou a ética, dependendo a luta pela titularidade científica, denominaria de “humano”, o que é diferente de “atos do homem”, pois estes são feitos involuntariamente, são biologicamente automáticos, como a sede, o calor, o susto, diferente daqueles que são produzidos através da intelecção humana, e concebidos pela inferência e raciocínio próprios dos nós homens dotados de capacidade de escolha e aferição do bom e ruim, apesar de que alguns da nossa espécie deixem margem para a dúvida quanto a infalibilidade desse entendimento, por estarem muito mais próximos dos macacos em intelecção como dizem alguns evolucionistas.

Mas o que me detém na análise do Náufrago é a intimidade que ele possue em escancarar de maneira explícita, as carências e fragilidades humanas; fica muito nítido como somos perecíveis, limitados pela nossa própria natureza e nada temos sobre controle, nem mesmo podemos definir o dia do calar de nossos olhos. Praticamente tudo está fora do nosso domínio, ainda que máquinas terríveis pareçam se ordenar pela nossa vontade, nada temos senão a pressão sobre o botão da incerteza e inconstâncias humanas. As riquezas, o poder, a influência, a beleza, não podem estirpar as dores do mundo; a fome, a guerra, a solidão, as doenças, todas essas coisas se nos impõe como limitadores da nossa própria ignorância, que as vezes nos faz esquecer que a arrogância e prepotência, são as qualidades que farão sentir dó te ti mesmo, quando as debilidades da vida te fizerem ver que toda a tua vaidade de nada serve quando o seu corpo se transformar em pó.

Superações, sim o homem ainda é capaz de alcançá-las, mas há uma barreira que tem que ser deposta para o amanhecer da vitória pela transposição dos obstáculos dessa vida. Muitos se cansam e param a margem do caminho, não entendem que a adversidade é a tempestade mais difícil da vida, mas é ela a mais importante substância para forjar uma estrutura incorruptível e um caráter inabalável, capaz de respeitar os fracos, reconhecer a honra e desfrutar a recompensa; ela te prepara para ser grande e alcançar patamares mais altos, sem perder o controle, dirigindo tudo sabiamente.

Perdas, elas são em muitas situações irreparáveis, mas se tem algo capaz de fazer a revolução de atitude no homem é o experimentar da subtração a qualquer bem indisponível e insubstituível, muitas vezes nem sequer sabemos o real valor que as coisas ou pessoas tem para nós, mas isso logo se passa quando a perdemos, é o que ocorre quando se ouve a expressão tão usual, “só damos valor àquilo que perdemos”, e que pena que tenhamos que funcionar por esse sistema de reconhecimento tão cruel e irretratável, mas não há liberdade mais valorada do que aquela que é devolvida ao ex-prisioneiro que retorna às ruas após anos encarcerado injustamente.

Contudo o que mais me trouxe grande sensibilidade e me fez refletir ao assistir esse filme é a sensação de recompensa pelas coisas simples e práticas da vida, como é grande o valor das pequenas coisas para a nossa existência, e só percebemos a grandeza das minúcias quando já não as temos mais; tudo parece tão comum e substituível quando há fartura demasiada, as coisas não têm tanto sentido enquanto estão a nossa disposição voluntariamente, a água, o cobertor, o teto, os amigos, a paquera, tudo parece ser parte de um conjunto mecânico e volátil daquilo que estamos empapuçados e já não damos tanta atenção, pois é ordinário ao nosso viver.

A lição que aprendo hoje, após tantas divagações a respeito do sentido e valor das experiências para a vida, é que não quero estar tão desatendo aos mistérios e grandezas que se escondem nas manifestações mais corriqueiras que nos envolvem diariamente; Náufrago me diz para reconhecer o valor das coisas que tenho, enquanto ainda as tenho, porque amanhã pode ser tarde para reconhecer a importância daquilo que já perdi; não devo desistir do amor ainda que todas as evidências sejam contrárias a sua realização, pois ele sempre vai viver e mesmo que pareça morto, renascerá como a fênix grega; vejo que é preciso lutar pelos sonhos e nunca desistir da voz que clama do coração, pois as atitudes do homem não podem ser orientadas pelos biótipos sociais, em detrimento da minha vontade, pois no fim vemos que abrimos mão daquilo que no fundo nossos sentimentos acreditavam, mas deixamos de lado aquela voz interna, para ouvir a reprovação alheia, daquilo que deveria ser dirigido unicamente por nós.

Náufrago é a representação da vulnerabilidade humana, da fungibilidade dos preceitos de vaidade, arrogância, ganância, altivez e prepotência; é o reconhecimento do valor das peças imperceptíveis que compõem a vida, é o apelo ao reconhecimento das oportunidades e chances de hoje que podem se exaurir amanhã; é o grito do amor que não desiste de nós, mesmo quando não o ouvimos mais; é a clareza que mostra que não devemos nos orientar pelo que acham ou dizem as pessoas, se gostarão ou não, porque no fim nada disso nos servirá, e teremos perdido a chance de viver uma grande história ao lado daquilo que o apelo social se dizia contrário.

BrunoMaximos 24.08.08 15:22

sábado, 23 de agosto de 2008

Solidão: o escudo social da vergonha

Por que uma tristeza nos abate assim repentinamente, uma corrosão é agravada por essa necessidade de ter preenchido o vácuo que existe em medidas intricadas daquilo que denominamos como "o nós". A sensação se aprofunda pela inócua capacidade de saber qual a verdadeira razão que impõe a dor que atordoa e te faz sentir-se só, no meio da uma multidão. É uma saudade cinzenta que cruza nosso paradeiro, o azul da incerteza se impregna no raso da vida, pois quem nunca deitou sem que em alguns minutos só o teto fosse a única coisa presente na insônia implicante; a verdade é dita em vozes caladas da solidão que cruza o a dimensão triste do quarto, e faz soar um grito silencioso entre a noite calma, silenciosa e voraz.

Todos estão ocupados, e não se prestam a interação e convívio clamados pela vida social, as maquiagens estão mais forte e intensas nos rostos das meninas, pouco a pouca a verdadeira cara das pessoas se perdem atrás de figuras criadas pela imaginação hostil de uma sociedade individualista, de consumo inconsciente e oprimida.

Você se torna produção da reação das pessoas pela suas atitudes, a tua liberdade não é mais disciplinada pela capacidade pessoal de descobrimento, mas os limites da tua expressão são ditados pelos paradigmas sociais que se fartam de escárnio e ignorância.

A felicidade não é mais um bem maior pelo qual se desenvolve a vida e os anseios coletivos, esse princípio constitucional é aos poucos substituído pela fachada dos casamentos arrumados e oportunistas, pelo namorado chato e feio de BMW, pelo velho rabugento e rico, pelo amigo burro e ridículo que mora na beira do lado, pela colega vazia e superficial filha da pirua socialite. Hoje não se vive uma grande paixão, um amor para recordar; vive-se a fugacidade dos beijos roubados nos shows do Babado Novo, e até calcinha preta.

O amor é coisa ultrapassada, o sexo tem preenchido a ausência de afeto e sentimento que antes unia os casais, hoje nem mais casais existem, as pessoas não sabem os seus nomes, os encontros não seguem mais as nomenclaturas da conquista e cortejo, tudo é muito rápido e insensível, dura só um orgasmo e nem vale mais um cigarro. O viagra, a ciência, o conhecimento e o avanço tecnológico devolveram alguns prazeres, mas dispensaram a conquista e satisfação que se tem ao depor obstáculos, barreiras e dificuldades; hoje quase tudo tem um preço pecuniário, aferível financeiramente, você diz que não, mas se vende ao apelo estético de parecer com a modelo magra e sem graça.

O homem educado e sensível é gay, o filósofo é louco, a moça não é mais de família, a castidade é uma piada, o medo uma evidência, o consumo um escape, deus um mito, o direito positivo, a religião legalista, instituições preconceituosas, governo hipócrita, o bandido herói, o banqueiro inocente, há um descrédito pessoal e coletivo, todos gritam por justiça, mas são incapazes de perdoar a falha inconsciente de seu companheiro, todos alardeiam um desejo grande em honestidade e punição ao crime, mas somos nós que pedimos para o amigo bater a ponto, passamos a cola de matemática, furamos a fila do metrô, dirigimos pelo acostamento e depois aceitamos o suborno do policial corrupto, porque afinal de contas as multas são muita caras para serem pagas.

Nossos lideres e dirigentes não são menos que a expressão autoritária e implacável do "jeitinho brasileiro" e do "você sabe com quem está falando?"

Mas será por que eu ainda me encontro triste e sozinho? E por que não sou minoria, mas tenho uma demanda exponencial que se alia aos meus desígnios tristes? Talvez seja porque a multidão apesar de aquiescer ao erro, o reconhece em suas demasiadas e inequívocas expressões, e diante de tanta confusão de valores e transtornos psicóticos, o confinamento é a melhor escolha para quem se acostumou ao cheiro de erro, e não sabe como coexistir de maneira amistosa, sem que a base inconstante da armadilha social se manifeste e explicite o caos e vergonha moral.

Você se pergunta por que te abateu essa tristeza, você pensa que é o único a sentir-se só depois do clarão das multidões e shows barulhentos; o barulho cala o grito por mudança e transformação que a vida intersubjetiva clama ao seu socorro, e a solidão afasta as pessoas que se envergonham reciprocamente por serem pequenas partes de uma estrutura podre, amantes de sí mesmos e sem afeição. Sem honra, sem amor, sem respeito, sem liberdades, sem moral, sem ética, alternativa a falência dos princípios pessoais, está na superficialidade das relações, assim você não precisa saber da vida nojenta e suja que tem aquele que você beijou na noite passada e nunca mais voltará a ver, mas a solidão vai sempre te lembrar...

BrunoMaximos 23.08.08n 20:24

TEU PIOR INIMIGO

Diógenes disse para Alexandre, o grande:
" Tu és o teu pior inimigo ", porque sabia que o Rei da Macedônia
estava disposto a sacrificar a própria alma para conquistar o mundo.
Resultado:
Quando não havia mais mundos para conquistar, ele morreu fadigado e triste.

Citação escrita e nós compartilhada pelo nobre amigo Fernandes Jr

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Odisséia da incerteza e paixão indefinida.

Um beijo eu te pedi,

Dez vezes te pediria,

Mas da primeira que me negastes,

Fizeste com tamanha mesquinharia.


Não sei o que se sente,

Quando você me fita em silêncio,

Ardendo fica meu peito,

Na eternidade daquele momento.


Me tens como em um cárcere,

Submete-me as tuas provocações,

Mas é os meus braços que buscas

Na fuga das suas depressões.


O teu choro tantas vezes me deteve,

Quando não me renderia mais a você,

Cedi pelo zelo que tinha,

E tudo só aumentou o meu sofrer.


Não se privilegia do afeto apaixonado,

Se indisposta põe-se determinada

A resistir o pobre persistente,

Em querer-te sentir amada.


Mas tantas vezes você me sujeitou,

E eu sem forças para relutar,

Entregue e submisso me encurvava,

A paixão que eu não conseguia negar.


Só que hoje me sinto tão só,

Pois sei que não tens necessidades de mim,

Já que tuas contas vão bem

E nem o teu estado de espírito é ruim.


Mas quem pelo sentimento é vencido,

Corre o risco de se tornar amargo,

Ao invés de sentir-se amado,

Investe-se em escravo.


Contudo ainda há esperança,

E um dia me livre plenamente desse diapasão.

Que horas me leva ao céu,

E meses comprimem-me ao chão.


Hoje temo dizer sem toscanejar,

Que meu coração é maduro e independente.

Só sei que sigo procrastinando,

E me recalco inconseqüente.


Só me resta uma dúvida ao ermo,

Será que largo de vez esse ônus maquiavélico?

Ou sigo na busca daquele sonho por mim,

De conquistar o suplicado segundo beijo.

BrunoMaximos 21.08.08

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Paixão de Oficio.

Era só mais uma tarde vazia, o céu estava vibrante e ensolarado, as nuvens eram ralas pouco opacas e intangíveis, tudo seguia o curso irrelevante dos dias cotidianos em brasília. Estava muito quente, os meus olhos se esquivavam franzindo-se contra a luz intensa que cobria a indiferença e o egoísmo alheios.

Mas tudo mudou quando ela cruzou-me no corredor do cartório; foi como se uma enorme luz tomasse conta do ambiente público, e nesse momento não mais o céu me trazia desconforto, pois o azul anil admirado por muitos, já não mais irradiava como a beleza ofuscante da menina loura que aguardava o reconhecimento de suas firmas.

O cartório antes triste e insípido, de cores mortas e aspecto rústico de desleixo, fez-se como novo em tons berrantes de alegria com sinos carnavalescos, uma graça envolvia a menina de cabelos claros, de tal forma que todo o ambiente se contagiava com sua singularidade.

Eu estive parado, imune às interrogações de meus amigos que me acompanhavam; nada mais parecia ser importante naquele momento, e meus olhos detinham-se na moça de dentes brilhantes que se familiarizava como as dependências desordenadas do 4°oficio. Ela perguntava para uns e outros os atos necessários para o procedimento de sua cartulária; com gestos simples e educados se informou e permaneceu, em certo tom de ansiedade, aguardando o número de sua senha que parecia jamais se aproximar.

Era como um sol, o brilho lhe era inerente, e trouxera de maneira sublime uma razão para o meu dia que transcorria ordinariamente, como todo o resto da semana, mais naquela tarde de sexta após o almoço, o comum cedeu espaço à beleza ardente da menina que encantava simplesmente por ser.

Seus olhos dóceis destilavam simpatia em cores claras; sua anca era perfeita e nem os mais hábeis artistas seriam capazes de desenhá-la; ela tinha cabelos longos e louros que deveriam estar em comerciais de xampu, seu quadril largo com encaixe maestral em uma cintura fina consternavam as imaginações dos homens, ao conjunto de seu corpo insinuante com busto simétrico e farto; ela era simples, mas marcante, usava jeans e blusa branca, contudo a formalidade não lhe privava de um suspiro sequer. Usava um crachá envolto em um cordão azul que circulava o pescoço, o nome grafado em sua identificação não me foi acessível, ainda que a empresa Embratel fosse o merchandising mais evidente no cordão da moça.

Poucas vezes eu tive a impressão de estar próximo a um anjo, e ela era a mulher que os rapazes esperam para se casar, aquela que o namorado não a deixa nem mesmo quando ele vai estudar em outro país, liga todas as noites para certifica-se que tudo continua sobre o seu controle; ela era perfeita para reprodução de uma prole aperfeiçoada; no ritual do acasalamento, era a fêmea cobiçada por todo o grupo que se digladiam até a morte, para ter a esperança de momentos maritais com a donzela.

Poucos momentos eu a pude fitar, o lapso temporal em que estive mais próximo dela não passou de poucos minutos eternos, e tudo que eu posso lembrar é a formosura exagerada que havia em cada um de seus contornos. Nunca soube o nome dela, e quando estive perto de perguntar um medo paralisou-me, não pude fazer nada além deixar que o meu corpo desfrutasse os tempos que me restavam para ver o sonho e ficção que pareciam revestir a existência daquela menina. Creio que era Carol, Ana Carolina, assim como a primeira que eu amei, quando ainda estava nas séries iniciais da minha educação básica, e informe se mantinha latente da minha estrutura psicossocial. Ana Carolina sim, creio que há grande possibilidade de ser, pois existe uma magia que não posso explicar em torno desse nome, algo que atrai somente titulares com beleza incomum e aparência fumegante, a herdar um nome tão belo como muitas que o possuem.

A fila andou, e a senha da moça foi chamada, tudo em suas ações tinham toques de beleza e ternura; ela apressou-se e já não estava tão ansiosa; prosseguiu no desfecho de suas atividades na tarde insolente; estive em todo tempo no mesmo lugar desde quando à percebi, e no corredor do cartório ela passou novamente por mim, seus cabelos são as últimas imagens que eu vi quando ela cruzou a porta para o estacionamento; inda me lembro do perfume que eles exalaram quando por mim passou e fez brotar a imaginação platônica do poeta que até hoje espera reencontrá-la.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pensamento de fato, no chuveiro.

"O amor sofre e a afeição pode ruir, quando a coragem e a determinação não exercem a sua autoridade no relacionamento" BrunoMaximos

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

A perda na irresolução

Por que relutas ao sentimento inaudito?
Tens uma venda transparente para dizer que os teus olhos não me veem
Mas com toda a sua ortodoxia não deixa de comprometer a sede que sente de mim
São gestos sublimes, atos do homem, movimentos disformes
Aquilo que sua boca nega, é invocado pela expressão corporal que me ambiciona
Não consegue com todo esforço exaurir a estima que sentes pela minha forma.
Andas a negar com vozes de decisão a necessidade que teu ser tem de mim
Mas a transparência de tuas necessidades não conseguem apartar-se dos beijos meus
E quando chega a noite e as baladas já não lhe intertem, é meu nome que seu peito chama.
Por que resiste ao que está confirmado em todas as instâncias do sentir e da razão?
Usa em tua argüição verbos de superação e independência sentimental
Mas continuas a sangrar o medo de não me ter quando precisares e estiveres só.
Expressa como se ignorasse a minha falta e não precisasse dos afetos meus
Mas com o leve aproximar de uma, é teus olhos que fumegam e acusam a territorialidade
Mas até quando é preciso fazer-se de inconvencida se o que queres é ter-me ao lado.
A odisséia da tua resistência pode perdurar enquanto os meus olhos só verem os teus
Contudo na realidade sem tantas imaginações, inda há caminhos que se cruzam
E dentro de um instante a indecisão da tua incompetência custará o inalienável
No descuido do teu vacilo, o amor terá partido, e não verei mais os teus olhos.
Mas ainda há tempo, podes por fim ao termo posto em nossa ontológica ligação
Contudo os caminhos do coração são desconhecidos e imperscrutáveis aos homens
E nem eu posso dizer com a certeza que declaro que hoje estou aqui
Que amanhã já não me terás, e pela tua imprudência me verá partir.
BrunoMaximos

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Desabafo de Um Sentimento Ingrato.

"Quando passas pela rua, sem reparar em quem passas, tua é toda a alegria e minha toda a desgraça" F.Pessoa

Eu sempre fiz tudo para que desse certo, se errei foi por acreditar que poderiamos vencer tudo e ser felizes no final. Se houve um erro, foi porque amei demais, e não aceitei a impossibilidade desse sentimento proibido e confuso...

Hoje sou julgado como alguém que você nunca conheceu, todos estão corretos e pouco importa o que eu tenho a dizer a respeito de tudo; qualquer fato é bastante para contrariar a honestidade e sinceridade que eu sempre tive quanto à vida, e quanto a tudo que se chamava e endereçava-se ao seu nome...

Muito tempo dedicado, muito sofrimento vivido, muitas expectativas frustradas, muito choro, muita dor, muita solidão, tudo isso eu suportei, mas me causa estranheza essa atitude, quando possui o poder de por fim a toda essa dor, que inda assola aquele quem deu a vida por te amar...

Parece não se importar com o que eu sinto, parece não ter me amado de verdade como quando dizias em suas divagações. Quem ama, quer estar junto, sentir o cheiro, ouvir a voz, sussurros, qualquer gemido supre a solidão daquele que espera o grande amor. Mas parece que todo o tempo que dedicamos a essa relação não significou nada, e na verdade só eu consentia em meus planos idealistas, quando pensava serem eternos aqueles momentos sonhados juntos, mas nunca concretizados...

Não sei o que se passa contigo para me tratar assim, como alguém que não merece o minimo de respeito e respostas; foges como se fosse de um inimigo intímo, com o qual abomina encontrar-se, porque a distância que você faz vigorar agora, não se explica com razões óbivias, mas só algo muito ruim pode permitir que essa dor se alargue...

Eu não tenho mais certezas de nada, não sei aonde anda seu coração, e se ainda existe humanidade nele, por que eu estou caido agora, em vão, pois você que eu nunca deixei, parece ignorar a dor que me corrói, e a desconstrução que tenta me aterrorizar....

Se existe um pouco de bom senso e capacidade de ver as coisas da maneira correta, por uma vez somente, não me faça mais sofrer, traga luz a toda essa treva que sempre cercou essa relação, me mostre quem é você, que sumiu sem deixar explicações, que nunca ligou para dar validade a sua existência; por um momento se houve verdade entre nós, me mostre o que sentes, e esclareça toda a obscuridade e distância, que ainda hoje domina a sua imagem...

Escondida, fugindo como sempre, não entendo porque sempre faz isso; só pode existir uma explicação para essa situação: o nome do que você sente agora, após tanto tempo crendo, não é mais amor, e sim ingratidão...

Não acredito que você consegue dormir tranquilamente, enquanto sabes, que eu sempre te esperei, e houve o desvio de toda uma vida e intenção, na busca de concretizar contigo os sonhos que só eu sonhei, enquanto isso percebo a indelicadeza da sua desimportância, tenho que conviver amargamente com a incredulidade de seus afetos, os tempos perdidos me condenam a nunca reavê-los, as noites não dormidas me refutam a certeza que eu tinha pela prosperidade desse amor...

Hoje vejo que há ilusão capaz de cegar-nos diante da mais óbvia frustração, ainda que a falência de uma relação seja clara como as nuvens, aquele que é enredado pelo ardor de uma paixão, cega-se, e se torna vulnerável aos caprichos enganosos de um par sem coração.
BrunoMaximos.

Cartas de Um amor Ausente e Inexistente.

Queria poder te abraçar bem forte agora, sentir o cheiro suave da sua nuca,
te segurar firme pela cintura, beijar de vaguarinho atrás da suas orelhas e
em direção à sua pequena boca me entregar em pequenas mordiscadas nos seus
lábios.

O meu coração pertence à você; você é quem o tem alimentado e ele se
fortalece e cresce devido o teu cuidado...

Então que seja assim, um acordo entre as partes, se tú me amas e é recíproco,
eu cuido do seu, e você cuida do meu...CORAÇÃO(...)

Um Beijo eu quero dar em minha companheira de alta lúz, ele vai começar pelo teu pescoço,
deleitar-se no cheiro suave da tua nuca e realizar-se ao gosto suave, doce e
implacável do mel, que só os teus lábios são capazes de produzir...

"Amor verdadeiro é aquele que o vento não leva e a distância não separa." (...)

Já não preciso te dizer o quanto eu te amo; a verdade é que arqueei minha
morada definitiva em seu coração, e já não posso existir plenamente sem você. Assim sem você sou semelhante a um pardal solitário no telhado, um pelicano no deserto; os meus dias são tristes e minha caminhada mecânica e incipiente; assim fico sem você, inepto.(...)

Atualmente eu sou um cara financeiramente pobre, não tenho quase nada para
te oferecer, só a promessa de um futuro de paz e prosperidade e muita calma
e satisfação; são coisas que parecem difícies tendo em vista a minha
presente situação; mas eu garanto que esses dias passarão e nós
desfrutaremos do melhor que Deus já nos preparou....

Agora o que eu posso te dar é algo muito grande e especial, coisa que
adjudiquei à tí, um elemento essencial para realização extrema do proposito
da vida... O meu Amor... Você nunca se sentirá só, o meu amor, o nosso amor
te seguirá aonde quer que você vá. Você irá dormir e acordar com a sensação
que só se tem quando é amado... Juntamente com meu amor você leva
inteiramente grátis, o meu desejo, a minha atenção, o meu cuidado, o meu
tempo, a minha legria, a minha paciência, a minha proteção, os meus carinhos,
a minha compreenção, a minha vida, com direito a uma família a longo prazo(...)

Eu te amo e vc é a mulher da minha vida; se você me quer e deseja construir
uma vida ao meu lado, e está disposta à batalhar muito por um futuro melhor,
eu estou aqui, para você, a te esperar... Deixo claro a minha inteira
necessidade de ter-te ao meu lado, me fortalecendo com tua áurea feminina e
vivificando-me com tua força surreal(...)

Quero vc do meu lado, preciso muito de tí, você é a coisa mais especial que
me aconteceu; o melhor presente que eu posso desejar; o teu toque é
capaz de sustar a minha dor...

Essa é a verdade que tenho comigo. Só então mais do que nunca percebi o quando
vc era importante para mim... Eu não posso viver longe do teu amor...

Te amo...

BrunoMaximos.

Impertinência Social (texto publicado no jornal comuntário Radical News)

É interessante como algumas moléstias participam da denominada seleção natural, e como “de tabela”, alguns grupos minoritário (em expressão) são revestidos de certo privilégio ao se evadirem dos efeitos que decorrem dessa escolha sofismal. As ciências naturais certamente se insurgiriam contra o nosso tratado, por ora tão empiricamente demonstrado, mas e daí?! Se eles não aceitam que a nossa rasa estatura científica, a experiência dos anos inertes da nossa vida, conjugados a vã filosofia que nasce no buteco do seu Florindo, sejam o bastante para desarticular todo o sistema medicinal, assim como as teses Freudianas, e nem mesmo Jung em toda a eloqüência dos complexos e arquétipos, seriam capazes de se opor ao que chamamos SDPR – Sintomática Doença Privativa de Ricos. Essa sim, mora no inconsciente coletivo de todos aqueles que ganham em média 120 mil reais por ano. “Que bom” Você alivia, “Esse não é o meu caso” (...).

Ora meu nobre amigo, se não é a depressão. Está comprovado, e nisso nós ativistas também concordamos, que os países com maior índice de depressão são os nórdicos europeus; interessante é que não sei se existiria aqui o mesmo efeito, se tivéssemos tantas louras impávidas com existem lá, mas em fim, a questão sexual introvertida dos europeus é tema para outro diálogo.

Há quem diga que o Japão é uma grande potência e tem se afirmado diante da comunidade internacional, mas como toda boa antítese, há também uma corrente de informações não oficiais, que atribui seu crescimento imperialista ao eficiente mercado de exportações de produtos próprios, o suicídio. É verdade, eu quase fui tragado pela eficiência de seus produtos, quando minha mãe desordenada e totalmente tomada pela ira resolveu oprimir-me da maneira mais cruel; em passos largos ela avançou contra meu álbum de figurinhas do pokemon, e o despedaçou com furor e calculismo dignos de um veterano de guerra, eu quis me matar! Eram os 151 pokemons com o Mew! Um álbum com os exemplares mais desejados de toda nação pokemaníaca, qualquer um em meu lugar sentiria o mesmo desejo, culpa do japoneses.

A verdade sobre tudo isso é que pobre não tem depressão, isso é coisa de quem é rico e tem a posse dos meios de produção. Não fazem nada a não ser emitir comandos ineptos aos subalternos, e a ociosidade corrói suas entranhas até a morte. O pobre não tem tempo para sentir isso, o pobre trabalha e seu tempo se exaure pela árdua labuta e o pagamento dos aluguéis; e se por um momento de inconsciência esquizofrênica, o pobre desenvolve uma dupla personalidade, não tem essa, ele arruam dois empregos.

O rico sofre por não saber a que horas o seu vôo para o Caribe vai sair, ele se oprime quando seu ipod desaparece, ele chora quando a foto dos fogos da Barra sai tremida, ai! O rico chora quando perde o inicio da orquestras, pulo do Barishnikov, a tampa da caneta Mont Blanc. Eis a amostragem inconjecturável do porque foram eles eleitos titulares da depressão. É como diz o poeta, “a depressão não é um estado de espírito, é um luxo!”.

BrunoMaximos

Pensamento de fato.

Temos o sério erro de pensarmos que as pessoas irão agir da mesma forma que nós, diante de alguma circunstância. O bem que certamente fariamos a alguém diante de uma situação, não é aquilo que farão por você quando precisar. Contudo essa é a lei quem segue o digno e certo, fazer o que tem que ser feito, sem esperar que façam o mesmo por você, mas creia que em tempo oportuno você será recompensado pelo bem que tiver feito. A maior satisfação no correto é a recompensa pessoal que ele gera em seus signatários. BrunoMaximos

Incorrespondências

Os teus olhos já não me ofuscam mais, já não sinto mais a cólera e a cegueira que me abatia diante deles. A tua voz já não me é tão doce como os cajus, e as tuas palavras já não me refrigeram como chuva no sertão.

Não me deixo mais levar pelos teus desejos, e não me impulsiono pelos caprichos do teu querer.
Já não me convém esforçar-me em busca do teu sorriso amarelo, e o meu coração já não se inclina aos sonhos que só eu sonhei, e de você e não houve equivalência de prestação.

Não me olhes mais com tua parcialidade, não me tenhas mais como o teu ponto de equilíbrio, pois a tua indecisão sepultou um sentimento tão bonito e saudável, e a tua incerteza me trás dó, pois deixas de tuas mãos escorregar a oportunidade, talvez única, de transformar o teu semblante e trazer plenitude à sua vida.

Preferistes a dor da solidão, para resguardas-te dos comentários alheios; preferistes estás só, do que acompanhada daquele que poderia ser teu grande e unico amor. Mas o medo impediu a perfeição desse sentimento, e já não posso mais lutar por alguém que não acredita mais em sí.

Segue-se a vida, eu na busca da felicidade e dos anos dourados que inda não viví, você já não sei mais onde andas, mas se estás aqui, certamente não és mais titular desse coração que tanto esperou por tí... BrunoMaximos

Revolvendo Erros.

Me tenho por um besta,
alguém que recorre ao mesmo erro ciente do arrependimento;
As minhas forças se contundem,
tenho a sensação de um fosso, tudo parece escuro e vazio;
A minha alma se abate,
uma grande inconstância me aflige e teima em dizer que não posso vencer;
Aquilo que me proponho aniquilar,
me devora com um ardil suave e com gosto de fel ao final de sua execução;
Como pareço ser tão desprezível,
me tenho por um barro insolente, que reluta contra sua substancia, e não aceita olhar os vasos;
Por um bem maior eu abro mão, mas,
mesmo sabendo que existe algo mais nobre a se preservar, me rendo aos laços da injúria;
Me resvalo por caminho que repudio,
me perco entre as manobras torpes da minha própria inclinação, e esqueço a luz que me guia.
Como serei lembrado entre os nobres,
se o mau que eu quero evitar, esse exercito, mas o bem que eu almejo, aborreço.
Pensamentos me vem ao coração,
sinto mágoa da minha incapacidade, penso ser indigno da presença dos por mim, aperfeiçoados.
Mas paro e penso,
será ser tão vil essa inconstância lastimável, ao ponto de se contagiar o passo até daqueles que apreciamos?
É essa palidez insofismável,
que faz lembrar o que me distingue do ideal, a cenoura na cabeça do burro, a qual é boa para se seguir, e nunca se alcançar;
Alcança-la seria o temível fim,
ele é como a vaidade dos mortos, e nos acomoda na insignificância que se impregna na verdade absoluta dos incriticáveis.
Sei que a minha reflexão é legítima,
pois o primeiro passo para a superação é o reconhecimento de que algo é preciso ser implementado;
E hoje penso novamente te cumprido a minha lição,
a amanhã, após o perdão, eu possa revolver novamente, e olhar a desventura quando o espelho me fitar. BrunoMaximos

"Se escrevo o que sinto é porque escrever me faz diminuir a febre de sentir"

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